domingo, 12 de fevereiro de 2012

TPM

Ele olhou para ela e ela não estava lá. Mesmo com medo das consequências, resolveu trazê-la de volta.

Ele – Amor?
Ela – O que foi?
Ele – Está tudo bem?
Ela – Por que a pergunta?

Ele – Sei lá. Só pra saber.

Ela – Está. Por que não estaria?
Ele – Não sei. Você parece distante.

Ela – Eu estou na mesma sala que você. Ou será que é impressão minha?
Ele – Está bem. Desculpa. Deixa pra lá.

Ela – Deixa pra lá o que?
Ele – Nada. Já disse. Não queria te irritar.

Ela – Quem disse que eu estou irritada?
Ele – Ninguém. É que eu pensei...

Ela – Ah, pensou? Pois fique sabendo que eu não estava nem um pouco irritada até que você me irritou com essa mania de dizer que eu estou irritada.
Ele – Eu já pedi desculpa. Não falo mais nada. Tudo que eu falo é errado.

Ela – Estava demorando. Vai se fazer de vítima de novo, né?
Ele – Aí, está vendo? Eu só faço piorar as coisas.

Ela – Aí, está vendo? Vítima. E pra mim sobra o que? O papel da megera sem coração que só briga com o pobre coitado que não fez nada.
Ele – Você não é megera, amor. Você é maravilhosa. Perfeita!

Ela – Não me vem com ironia não.
Ele – Não é ironia. Você sabe que eu te amo mais que tudo.

Ela – Tá, eu sei. Mas não é disso que a gente tá falando.
Ele – E do que a gente está falando?

Ela – Do fato de você ficar me provocando até me tirar do sério e me obrigar a ser uma namorada ruim.
Ele – Você não é uma namorada ruim.

Ela – Claro que eu sou. Eu vivo brigando com você por nada e não consigo fazer tudo por você como você faz por mim. Eu não tenho paciência pra fazer nem metade do que você por faz.
Ele – Mas, meu amor, você não tem ideia do bem que faz pra mim. Você me transformou num homem melhor.

Ela – Ah, transformei mesmo. Porque ninguém te merecia daquele jeito, né? E aquele cabelo? Pelo amor de Deus...
Ele – Então.

Ela – Então o que?
Ele – Admite que é uma namorada maravilhosa.

Ela – Sou coisa nenhuma. E para de me irritar com essa história.  Eu sou má, está me ouvindo? E não te mereço.

Ele – Então vem cá, minha malvada. Senta aqui do meu lado.

Ela - (escondendo o rosto) Não.

Ele – Você está chorando, amor?
Ela – (chorando) Não.

Ele – (sentando do lado dela) – Oh, amor. Eu te amo de qualquer jeito. Malvada, boazinha, maluca, carinhosa, brigona, mandona, ciumenta, impaciente, descontrolada...

Ela – Chega. Eu já entendi.
Ele – Desculpa. Eu nunca sei a hora de parar. Mas pode deixar que da próxima vez que você estiver com TPM...

Ela – O que?

Ele – Nada. Eu te amo. Não esquece. Vou tomar um banho.
Ela – Está precisando mesmo.

Ele – Desculpa. Acho que do banho vou direto dormir. Boa noite. Amanhã a gente se fala.
Ela – Boa noite.

Ele sai.
Ela – Amooooor!

Ele volta.
Ela – Eu te amo.