Fugindo de si mesma
Fingiu ser o que não era
Vestiu um sorriso que não o seu
Iniciou silenciosa espera
Que a qualquer hora alguém notasse
Seu sorrateiro novo intuito
Que a tirasse daquele impasse
Que a amasse mais que muito
Quem sabe tal amor bastasse
Para compensar o que ela não sentia
Quem sabe um dia por distração
Chegaria a sentir alguma alegria
Pois o vazio de sempre já não satisfazia
Estava tão cheia do nada
Estava tão cansada de tudo
Não aguentava mais ser e não ser
Ter e não querer
Estar viva e não viver
Quando desistiu e ia embora
Viu que alguém se aproximava
A olhava intensamente
Como se a entendesse e conhecesse
Hipnotizada, foi ao encontro desse olhar
Estava tão encantada com o que via
Que não percebeu a semelhança
Vestiu o próprio sorriso
Empoeirado, mas não desbotado
Que virou uma gargalhada
Como ela nunca tinha se ouvido dar
Ao dar uma cabeçada no espelho
E finalmente se reencontrar
Não aquela que ela era nos últimos tempos
De quem tanto tentava fugir
Mas aquela que ela era
Antes mesmo de ter sido
Amor.
ResponderExcluiré sério.
você disse que não tem paciência pra escrever coisas longas, mas eu acho que você devia mesmo escrever uma peça.
você é ótima, e eu sei que você tem a persistência que é necessária.
porque você não tenta assim:
faz um esquema de acontecimentos em temas, que se referem a um tema maior. e aí escreve um texto pra cada tema, cenas para uma peça.
tenho certeza que você consegue.
parabéns por mais um texto ótimo.
te amo.
Adorei o texto, e esse trecho em particular me chamou a atenção: "Quem sabe um dia por distração/Chegaria a sentir alguma alegria".
ResponderExcluirÉ assim mesmo, como dizia Guimarães Rosa: "Felicidade se acha é em horinhas de descuido". :)
Parabéns pelo texto!