segunda-feira, 14 de março de 2011

A Fuga

Fugindo de si mesma
Fingiu ser o que não era
Vestiu um sorriso que não o seu
Iniciou silenciosa espera
Que a qualquer hora alguém notasse
Seu sorrateiro novo intuito
Que a tirasse daquele impasse
Que a amasse mais que muito
Quem sabe tal amor bastasse
Para compensar o que ela não sentia
Quem sabe um dia por distração
Chegaria a sentir alguma alegria
Pois o vazio de sempre já não satisfazia
Estava tão cheia do nada
Estava tão cansada de tudo
Não aguentava mais ser e não ser
Ter e não querer
Estar viva e não viver
Quando desistiu e ia embora
Viu que alguém se aproximava
A olhava intensamente
Como se a entendesse e conhecesse
Hipnotizada, foi ao encontro desse olhar
Estava tão encantada com o que via
Que não percebeu a semelhança
Vestiu o próprio sorriso
Empoeirado, mas não desbotado
Que virou uma gargalhada
Como ela nunca tinha se ouvido dar
Ao dar uma cabeçada no espelho
E finalmente se reencontrar
Não aquela que ela era nos últimos tempos
De quem tanto tentava fugir
Mas aquela que ela era
Antes mesmo de ter sido

2 comentários:

  1. Amor.
    é sério.

    você disse que não tem paciência pra escrever coisas longas, mas eu acho que você devia mesmo escrever uma peça.
    você é ótima, e eu sei que você tem a persistência que é necessária.

    porque você não tenta assim:
    faz um esquema de acontecimentos em temas, que se referem a um tema maior. e aí escreve um texto pra cada tema, cenas para uma peça.

    tenho certeza que você consegue.

    parabéns por mais um texto ótimo.
    te amo.

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  2. Adorei o texto, e esse trecho em particular me chamou a atenção: "Quem sabe um dia por distração/Chegaria a sentir alguma alegria".
    É assim mesmo, como dizia Guimarães Rosa: "Felicidade se acha é em horinhas de descuido". :)

    Parabéns pelo texto!

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