segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Utopia 2
No meu governo ideal, haveria uma reforma profunda na atual lei federal de incentivo à cultura. Nada de depender de pessoas que ganham uma grana dos projetos alheios para usarem seus contatos e influências captando recursos. Nada de depender da boa, geralmente má, vontade de empresas que pensam que você está pedindo um favor inconveniente ao propor que elas façam propaganda própria com dinheiro do governo. Nada de gastar milhões a partir de dinheiro público, cobrar ingressos caríssimos e ainda embolsar outros milhões de bilheteria. Nada de montanhas de projetos aprovados e encalhados por falta de patrocinador. Se as empresas podem usar 4% do seu imposto de renda devido patrocinando cultura, esses mesmos quatro por cento de todas as empresas deveriam ser destinados obrigatoriamente à cultura. Considerando que nesse meu governo ideal não haveria desvios de verba ou qualquer tipo de ilegalidade ou irregularidade. O Fundo Nacional de Cultura receberia toda essa grana e repassaria ele mesmo para todos os projetos por ordem cronológica de aprovação, que seriam mais criteriosamente selecionados e necessariamente mais acessíveis à população. Mas se o governo bancou todo o projeto e todos os envolvidos já receberam seus salários e puderam exercer sua arte com dignidade, por que uma grande parte do dinheiro da bilheteria não deveria voltar para os cofres públicos e possibilitar a produção de mais arte? Teoricamente, atualmente, esse dinheiro poderia ser usado para garantir a produção seguinte. Mas quem vai querer usar dinheiro próprio se pode usar o dinheiro do governo? E assim, alguns poucos enriquecem, que são os mesmos poucos que tem patrocínio garantido nas grandes empresas. Enquanto outros não conseguem nada e acabam pagando para trabalhar. Uma vantagem para as produções bem sucedidas de público seria a seguinte: essa parte da bilheteria que voltaria para o governo ficaria numa espécie de poupança para ser usada prioritariamente para futuros projetos aprovados do mesmo proponente. Em vez de entrar na fila de novo para conseguir o dinheiro, ele teria o direito de reinvestir o lucro por ele obtido e assim tornar a sua arte possível.
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revolta justa.
ResponderExcluirinfelizmente.
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