segunda-feira, 9 de abril de 2012
Ainda dá tempo
Olhou para o horizonte em um lugar de onde, sem explicação, dava
para ver o mundo inteiro. Ou pelo menos grande parte dele. Todos aqueles
monumentos, que ela planejava um dia visitar, estavam ali. De longe, mas ao
alcance dos olhos. Num segundo de pura mágica todos se acenderam. Como num
parque de que ela se lembrava, mas onde não estava. E, naquele momento, todos do mundo
estavam em festa. Se ela forçasse bem os ouvidos poderia ouvir a queima de
fogos num país distante. Bem perto dela, tinha um chafariz brasileiro
desengonçado tentando fazer uma dança de águas que mais parecia um desperdício
da mesma. Desejou sair dali e viajar, viajar, viajar. Tanta coisa para
conhecer, para viver, experimentar, explorar... Mas sentiu que algo de errado
estava acontecendo. Do céu veio uma bola de fogo gigante e ela estava caindo
bem na sua direção. Foi um milésimo de segundo entre a percepção do fato e suas
consequências. Não sentiu dor alguma. Mas uma onda de energia lhe percorreu o
corpo como se o sol estivesse morando dentro dela. Tinha consciência de que aquela
vida já era. Não se revoltou nem se entristeceu. Pensou que seria uma hora de
reencontro, uma volta para casa. Um "game over" numa missão de um jogo virtual.
Simplesmente esperou. Esperou que a viessem buscar e que tudo que ela
acreditava que existia do lado de lá fosse verdade, sem medo de que não
houvesse um lado de lá. Acordou e viu que viu que ainda não tinha chegado a
hora. Aquela energia estranha ainda percorria o seu sangue e parecia irradiar.
Era mais um sonho. Mais um desses onde o fim era o fim. E embora fosse apenas
um sonho, ela se sentia mais preparada para aceitar o momento quando ele
chegasse. Ter medo da morte é ter medo da vida. Viver não é sobreviver. É se expor.
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