domingo, 15 de abril de 2012

"A Pedra" ou "Minha singela homenagem a Carlos Drummond de Andrade"


Era uma vez uma moça e seu caminho. Tinha escolhido qual seguir e o seguiu livremente até o fim. Chegando lá, não sentiu nada. Não tinha a graça que pensava que teria. Tudo tinha sido tão fácil. Podia escolher um novo caminho como continuação daquele, mas ficou com preguiça. Se acomodou onde estava. Afinal, para que andar mais se isso não gerava nenhuma satisfação? Não foi infeliz, mas também não soube dizer se foi feliz.



Era outra vez outra moça e seu caminho. No meio do caminho tinha um buraco.  Um buraco que não dava para pular ou contornar. Ela tentou, tentou, mas não conseguiu passar. Triste que estava, deu ré e escolheu outro caminho. Sabia que não era exatamente o seu caminho. Mas o que podia fazer? Soube de outras pessoas que não tinham encontrado obstáculo nenhum. Soube também de algumas que tinham encontrado obstáculos mas que, com a esperança e a persistência, tinham conseguido superar. Mas ela tinha certeza de que nenhum deles tinha encontrado um buraco como o seu. Impossível de ultrapassar. Se conformou com o seu novo caminho confiando que aquele devia ser o seu destino e que, embora não fosse o que ela tinha escolhido, seria para o bem. Dessa maneira, conseguiu seguir com alegria. Mas no meio do novo caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. Uma pedra que não dava para ultrapassar. Mas será possível tanto azar? Por que justo ela não conseguia seguir em frente tranquilamente como todo mundo? Sentou e chorou por três dias sem parar. Se revoltou com a divindade que permitia aquela injustiça. Quando as lágrimas secaram e viu que de nada adiantavam, começou a pensar, pensar e testar todas as possibilidades. Depois de seis dias de trabalho infrutífero, teve um estalo. Pegou a pedra e foi rolando ela para trás andando de ré mais uma vez. Chegou ao ponto de onde tinha partido e enxergou seu antigo caminho. Estava muito cansada, mas não quis parar para descansar. Trilhou seu caminho dos sonhos empurrando sua pedra que, como ela esperava, encaixou perfeitamente no buraco. Enfim, ela pôde passar e viu que o outro lado era tudo que esperava. Sentiu tamanha satisfação que tinha vontade de pular sem parar. Se achou a pessoa mais sortuda do mundo. Uma vez alcançado o que seria o fim, pensou novas trilhas para continuar seguindo em frente rumo ao desconhecido, sem medo de pedras e buracos. E sabendo que, às vezes, os desvios do caminho são partes do caminho e que caminhar é delicioso mesmo com todas as dificuldades.

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